Arte xávega Vitorino Velho
Quando a Arte pesca não há fome na Costa Os pescadores Lídio Galinho, 45 anos, e o seu irmão José Galinho, 50 anos, começaram a enrolar a corda na Arte Xávega com apenas 6 anos de idade. A origem da Arte Xávega na sua família tem cerca de 100 anos. Segundo sabem, já vem do avô Vitorino, que deu origem ao nome da embarcação “Vitorino Velho”. Como há muitos elementos com o nome Vitorino na família, decidiram pôr-lhe o nome “Vitorino Velho” para homenagear diretamente o avô. O Mestre Vitorino era também conhecido por “Arrais bruto”, devido ao seu trato rijo, mas segundo dizem com uma grande dose de humanidade. “A Arte Xávega para mim e para o meu irmão é uma paixão e faz parte de nós”. A grande emoção é a de nunca saberem o que vem na rede, o que faz com que tenham aquele “bichinho ativo”. Estão sempre em estado de alerta em relação às movimentações dos tratores porque é dessas manobras que depende um bom cerco da rede. Lídio Galinho diz que “ a Xávega é uma pesca com futuro, mas depende muito da vontade dos políticos e do Edital, que é lançado anualmente pela Capitania do Porto de Lisboa, ser ou não favorável e adequado a este tipo de atividade. As leis muitas vezes são feitas em termos gerais e nunca só para um género de pesca.”. Há uma frase forte, mas real: “quando a Arte pesca não há fome na Costa”. A pesca funciona muitas vezes como um suporte social para jovens colaboradores que conseguem um complemento monetário que lhes permite cobrir despesas escolares e em alguns casos até cursos universitários. É também uma fonte de rendimento para pessoas desempregadas, que "para além de algum dinheiro ainda levam o seu quinhão de peixe para casa”. Cada vez que vão ao mar o medo dos elementos naturais está sempre presente. A questão de enfrentar a ondulação e a carga de adrenalina para passar a rebentação são coisas “inexplicáveis”.