Museu do Aljube Resistência e Liberdade
O Aljube, para além de espaço museológico é também um local de respeito e de culto. O edifício onde está instalado o museu esteve sempre ligado a funções carcerárias desde a sua origem, que começou na época medieval até ao período moderno. Em 1928 torna-se numa prisão política até 1965. Funcionou como prisão privada sobre a vigilância da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) entre 1933 e 1945 e depois com a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) de 1945 a 1969, onde os presos eram trazidos antes ou depois de serem torturados, bem como antes ou depois de serem reencaminhados para outros espaços inerentes ao regime. Para o Aljube só vinham homens, pois as mulheres eram presas em Caxias. A respiração acelera assim que passamos a antiga entrada dos guardas. Uma parede frontal mostra-nos centenas de fotografias de homens e mulheres, vítimas de insensibilidade, terror, maldade, crueldade e iniquidade. Era um local estratégico para a PIDE, porque ficava a menos de um quilometro de distância da sede da mesma, e era ao mesmo tempo um espaço onde se podia humilhar e criar um ambiente de maior repressão no pré e pós interrogatório, sendo que alguns dos presos fizerem precisamente esse caminho por várias vezes. O que mais impressionou foi a área onde estão recriados os curros ou gavetas de isolamento com 2m x 1m e (não)consigo imaginar o sofrimento de quem por ali passou. No espaço cabia apenas um divã e pouco mais, e até as idas à casa de banho eram limitadas e condicionadas pela autorização (ou não) do guarda de serviço. Durante a visita ao 3º piso há sempre uma música de fundo, bem como um telefone a tocar, que simboliza a chamada da sede da PIDE para levar um prisioneiro para interrogatório. Escutam-se também pequenos toques na parede, que nos mostram, que através de códigos os prisioneiros conseguiam comunicar entre celas. Aconselho a todos uma visita ao Museu do Aljube para que possamos perceber um pouco melhor sobre a viragem mais recente da nossa história. ©Carlos Almeida